Bartolomeu de las Casas: réplica final a Juan Ginés de Sepúlveda em defesa dos índios (1550-1551)
Havia feito estudos de latim e de humanidades em Salamanca. Partiu para a ilha de Hispaniola ou La Española na expedição de Nicolás de Ovando, em 1502 ou 1503, chegando em 15 de abril. Como a maioria, Bartolomeu estava motivado pelo espírito aventureiro e explorador de riquezas, logo se adaptando ao estilo de vida dos colonizadores. No início, aceitou o ponto de vista convencional quanto à exploração da população indígena. Também participou dos ataques contra as tribos, e os escravizava em suas plantações. Viajou depois a Roma, onde terminou os estudos e se ordenou sacerdote em 1507.Em 1510, Bartolomeu de Las Casas retornou à ilha Espanhola, agora como missionário. A 21 de Dezembro de 1511 escutou o célebr eSermão do Advento por Frei António de Montesinos, no qual este defendia a dignidade dos indígenas. O profundo impacto daquela pregação levaram-no a converter-se a tal causa. Houve uma longa polêmica (1550-1551) entre frei dominicano Bartolomeu de Las Casas e Juan Ginés de Sepúlveda, o teólogo jurista da Corte da Espanha. Las Casas defendendo os índios e Sepúlveda legitimando as justas causas da guerra contra os índios (a partir do tratado Democrates Alter de Juan Ginés de Sepúlveda. Las Casas publicou, a réplica final contra Sepúlveda, condenando o genocídio indígena e propondo a evangelização pacífica dos índios.
" Para terminar (...)
Os índios são nossos irmãos, pelos quais Cristo deu sua vida. Por que os perseguimos sem que tenham merecido tal coisa, com desumana crueldade?
O passado, e o que deixou de ser feito, não tem remédio; seja atribuído à nossa fraqueza sempre que for feita a restituição dos bens impiamente arrebatados (...)
Sejam enviados aos índios pregoeiro íntegros, cujos costumes sejam espelho de Jesus Cristo e cujas almas sejam reflexo das de Pedro e Paulo.
Se for feito assim, estou convencido de que eles abraçarão a doutrina evangélica, pois não são néscios nem bárbaros, mas de inata sinceridade, simples, modestos, mansos e, finalmente, tais que estou certo que não existe outra gente mais dispostas do que eles a abraçar o Evangelho, o qual, uma vez por eles recebido, é admirável com que piedade, ardor, fé e caridade cumprem os preceitos de Cristo e veneram os sacramentos
In: SUESS, Paulo (org.), A conquista espiritual da América Espanhola. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 543.